sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A história de uma resina chamada "goma arábica"


A vida no Sudão é aquela África, mas pode mudar

Uma resina retirada da acácia, recolhida principalmente em áreas de conflito no Sudão, pode salvar a região da pobreza e da guerra. Trata-se da goma arábica – um componente essencial na composição, por exemplo, da Coca-Cola. A goma é obtida pela incisão no córtex de dois tipos de acácias, a Talha e a Hashab, naturais dos estados de Nilo Azul, Kordofan do Sul e Darfur Sul, na savana sudanesa, envolvidos em sangrentos conflitos armados.

Extraídas por gente muito humilde, a resina tem baixíssimo valor: US$ 2 o quilo. Ocorre que os Estados Unidos importam cerca de 7.000 toneladas por ano e transformam o produto no emulsificador E414, usado na composição de refrigerantes, bombons e pílulas. O produto impede a cristalização dos açúcares e tem propriedades medicinais que estão sendo investigadas pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)

Parece que o governo sudanês despertou para o valor do produto – do qual é o maior produtor mundial - e resolveu intervir na política de exportação, fato que deverá mudar a vida dos agricultores, frear a desertificação, e até pôr fim ao conflito em Darfur, na medida em que incentivaria os sudaneses a deixarem as armas, em troca de instrumentos de colheita. A goma é um superalimento e tem virtudes medicinais. Cerca de 13 milhões de pessoas vivem desta cultura que promove intensa derrubada de árvores.

A expectativa é a de que as 55 mil toneladas anuais de goma sejam reconhecidas pelo real preço de mercado. O monopólio de consumidores ocidentais impede a cobrança do justo valor do produto: US$ 100 o quilo.

4 comentários:

  1. E a US$ 100 o quilo, o refrigerante ficará a US$ 100 o litro e as fábricas irão investir em criar um substituto e o Sudão sairá do deserto e irá para o brejo.

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  2. Prezado Carlos,
    seu comentário é pertinente, mas creio que o ingrediente seja usado em pequeníssima quantidade que não alteraria tanto o preço final. De todo modo foi uma observação inteligente. Grande abraço
    claudio Carneiro

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  3. Qdo eu era pequena, meu pai chamava cola de goma arábica rsrs Ri muito! E o título da postagem é por si só uma pérola, Claudinho. Vc é o cara!! Abço

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  4. Selma, minha mãe fazia "goma arábica" misturando maizena com água e levando ao fogo: era a versão barata da "Cola Polar". Era excelente para trabalhos de escola e não sujava as mãos...beijos

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