O Guaraná Joaninha
Na semana do aniversário de 368 anos de Taubaté, no
interior de São Paulo, amigos, parentes e moradores relembram a história de
Joana Castilho, a 'Joaninha'. A aviadora paulistana, que passou parte da vida
na cidade, ganhou tanta popularidade nos anos de 1930 que chegou a ter o
apelido estampado em uma marca de refrigerantes, que eram produzidos em uma
fábrica no bairro da Estiva.
Segundo o escritor Júlio César, ela experimentou a
sensação de voar pela primeira vez ainda na adolescência Em 1930, o campo de
pouso do município funcionava em uma fazenda. Incentivada pelos pais, a menina
se destacou desde cedo. Ainda de acordo com o escritor, o incentivo do pai e da
mãe de Joaninha foi tão grande que eles chegaram a comprar duas charretes para
alugar e juntar dinheiro para conseguir bancar o sonho da aviadora.
Aos 13 anos, Joaninha fez seu primeiro voo solo. Um
ano depois, aos 14, já estava habilitada a fazer espetáculos aéreos. "O
que ela gostava muito de fazer era o looping, que é a volta completa, uma
manobra que ela fazia várias vezes, gostava de fazer looping em série",
lembra Fernando de Lacerda, coronel do Exército.
Joana conquistou dois campeonatos seguidos de
acrobacias na Semana da Asa. O reconhecimento era tanto que até Adolf Hitler
queria conhecer a menina prodígio. "Mandou recados, mas ela nunca foi
oficialmente convidada por ele. Foi convidada oficialmente pelo governo da
França e pelo governo dos Estados Unidos", reiterou Júlio César.
Recorde e desilusão
Joaninha tornou-se a aviadora acrobata mais jovem
do mundo e registrou seu nome no Guinness Book, o livro dos recordes. A
habilidade precoce da aviadora chamou atenção inclusive do presidente Getúlio
Vargas, que entregou pessoalmente a ela uma licença para voar provisoriamente.
Ela foi recebida por Getúlio na sede do governo no Rio de Janeiro.
O então presidente fez promessas para a talentosa
menina, que nunca foram cumpridas. "Na realidade ela recebeu a caderneta
de voo da mão do presidente Getúlio Vargas, que era um pré-brevê. E lá ele disse
que ela seria custeada pelo governo federal, mas ela nunca recebeu nada desta
promessa", lembra o escritor.
Para Joaninha, as promessas não cumpridas viraram
uma grande desilusão, como lembra a sobrinha da aviadora, Marlene Martins.
"Ela ficou muito triste, decepcionada e isso dificultou também".
Joaninha casou-se, teve filhos e nunca mais voou.
Em 1991, aos 67 anos, a aviadora faleceu. O talento de Joana é lembrado em
pequenas homenagens, como o hangar do Aeroclube de Taubaté que leva o nome dela.
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