segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Uma secretíssima entrevista e a doce commodity

“Furo” ou “barriga”?

No jargão jornalístico, a expressão “furo” significa que o profissional de imprensa conseguiu publicar uma notícia muito importante e exclusiva – surpreendendo os colegas e concorrentes. Na mesma cartilha, “barriga” quer dizer que ele se enganou - ou foi enganado - e deu uma informação falsa ou equivocada. O furo é motivo de orgulho. Já a barriga é uma grande vergonha.

A Revista Época afirma ter entrevistado o guardião da fórmula do Guaraná Antarctica. A publicação revela ter feito negociações e tomado algumas precauções para fazer contato com esta fonte secretíssima à qual o repórter não teve acesso pessoal. A matéria do jornalista Lucas Hackradt começa justificando que a fórmula de diversos produtos é secreta e guardada “muito mais que a sete chaves”. O intermediário entre o repórter e guardião – para este furo de reportagem - foi o gerente de marketing do produto, Sérgio Esteves, que sustenta: “Essa história toda de guardião da fórmula não é absurda. O Guaraná é hoje o segundo principal refrigerante do mercado brasileiro e uma das marcas mais valiosas do Brasil. Então não faz muito sentido você não ter todo um cuidado com a fórmula do produto”.

O guardião teria revelado que esse é um cargo de confiança, que o obrigará a ficar o resto da vida na mesma empresa: “É um privilégio poder conhecer esse segredo, ainda mais sendo um produto original do Brasil. É uma satisfação e um orgulho muito grandes.”

Segundo a matéria, os guardiões da fórmula do Guaraná Antarctica são artesãos ou verdadeiros “alquimistas vestidos de agentes secretos”, profissionais com muitos anos de casa e paixão pelo produto. A identidade do guardião é mantida em sigilo, mesmo para os demais funcionários. Ao longo dos 90 anos do produto, existiram apenas três “gerações” de guardiões. O que falou a Época é o “neto”, por assim se dizer, do guardião original. A matéria revela ainda que as salas do “cofre” do Guaraná são duas: uma em Manaus e outra em Guarulhos. Metade da fórmula fica em uma e a outra metade na outra cidade. Os guardiões nunca pegam o mesmo taxi ou avião. E também dormem em quartos de hotel separados. Ainda bem – pra eles.

Suco de laranja: a delícia chama commodity

Pesquisa levantada pela sueca Tetra Pak e compilada pela empresa de pesquisas Euromonitor revela que, depois de uma década de demanda estável, o consumo de suco de laranja caiu 5,3% nos 40 principais mercados para o produto entre 2003 e 2010. O mesmo estudo, no entanto, aponta um aumento de 41% de consumo nos países que formam o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e também o México. Surpreendentes foram as expressivas altas das exportações de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) para o Marrocos (743%), Argentina (358%) e Indonésia (212%). As empresas brasileiras exportadoras da commodity respondem por cerca de 80% dos embarques globais.

Aliás, uma curiosidade. O bloco dos emergentes batizado de Bric, a princípio – garantem alguns - incluiria o México e excluiria o Brasil. O problema é que a sigla seria Crime. Acharam melhor o Bric – semelhante a “brick” (tijolo em inglês) – que teria um sentido, digamos, mais edificante.

Outra curiosidade: aquela estreita e comprida faixa de terra - que atende pelo nome de Chile - é o maior exportador de frutas frescas (60%) do hemisfério sul. Estados Unidos e Europa são os principais mercados. O Brasil é o segundo maior importador de frutas chilenas da América do Sul – especialmente maçãs, uvas de mesa e ameixas -, atrás somente da Colômbia.

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